Alfarrábio - I
por: Marcelo Moraes
Aula de Redação
Lembro-me muito bem deste dia: eu estava no segundo ano do colegial (atual Ensino Médio), e era aula de Redação. A professora, uma senhora muito fascinada pelo seu trabalho, sempre transmitia suas experiências com um sorriso no olhar. Tinha prazer do que fazia. Ela me serviu de grande exemplo para ter gosto pelas palavras - mesmo ela se achando "a gostosona" (sem ao menos ser uma), tentando se exibir para os alunos - mas só conseguia mesmo eram nossas gostosas risadas camufladas durante a aula.
Em uma das suas aulas, ela havia deixado a seguinte frase na lousa: "A mentira só arranha, a verdade dói verdadeiramente" (não sei se esta frase é de alguma obra consagrada ou não). Ela simplesmente deu um parecer sobre a frase bem genérico, sem muitas palavras, para que nós pudéssemos extrair algo da cachola.
E lá estava a minha turma de ensino médio levando bem "a sério" a aula. Apenas eu, lá, queimando a tal cachola, sem nada conseguir fazer devido o barulho. Mas ao saber que a aula terminaria em poucos minutos, a pressão me fez pôr em prática algumas palavras que eu havia anotado em meu alfarrábio (um caderno de capa dura com folhas sem pauta), junto com algumas que fui abstraindo naquele instante; e o que saiu você lê logo a seguir:
A MENTIRA SÓ ARRANHA, A VERDADE DÓI VERDADEIRAMENTE |
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Entreguei este "projeto de rascunho" no momento em que a professora havia chegado à porta para sair, um pouco envergonhado em mostrar aquilo meio sem pé nem cabeça para ela. Mas como sabemos que em cada cabeça há uma sentença, na aula seguinte a própria tece de elogios a minha redação à classe e pede autorização para lê-la à turma. Depois de eu virar um camaleão em todas as suas facetas multicoloridas, autorizei que a lesse.
Não sei se ficou de todo ruim, afinal, quem é que entende por completo as coisas do coração? Você entende?
Bem, Marcelo, sua poesia não é sem pé nem cabeça, acredite, escrevo poesias há vinte e oito anos, ela é poesia, com suas indefinições, ar furtivo, e entrelinhas, e o fato de ela ser boa é que sua "gostosona" professora quis ler na sala.
ResponderExcluirVocê não havia me contado sobre essa sua faceta.
Um grande abraço!
Pois é, William, a gente acaba fazendo "de todo un poco" por aqui... rss Já postei algumas poesias no ano passado, como Desejos Ocultos e Certo, mas de vez em quando só que me vem a "luz" pra escrever assim...rsss
ResponderExcluirEu adorei e ninguém nunca entenderá por completo os assuntos do coração, redação eram minhas aulas preferidas na escola, não é a toa que minha matéria preferida é o português
ResponderExcluirEu, também, Juliana, só que além de Português peguei o gosto pela matemática, também. Viu só, é o amor, quem consegue explicar? kkkkk
ResponderExcluirNinguém entenderá esse terreno chamado coração.
ResponderExcluirAdorei teu texto. Ficou muito fofo!
Pulcro.
Pois é, eis a questão: quem entende por completo as coisas do coração?
ResponderExcluirEu não. Acho que nem gostaría.
Penso que entender o coração por completo sería como o filme O Vidente em que o Nicolas Kage consegue ver o que os outros vão fazer com antecedência de 2 minutos.
Valeu o parabéns da professora pelo poema.
Abraço
adoreiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii......esse é nosso meninão....
ResponderExcluircacau manda bjos!!!
Muito bom cara, fico imaginado tua cara camaleão quando a professora leu, nessa hora a gente fica ate quente morrendo de vergonha srsrsr.
ResponderExcluirAssuntos do coração é complicado mano.
Obrigado pela visita e comentario em meu blog.
Abraços e sucesso