Aparência, "desaparência" daqui!

por Marcelo Moraes

"Quem você pensa que é?"

"Você sabe com quem está falando?"

Estas frases, se você nunca disse na vida, pelo menos já ouviu alguém dizer ou mesmo dirigi-las a você, certo? Mesmo porque, seguindo a lei de Murphy que nos acompanha, se não estamos aturando pessoas negativas ao nosso redor temos que nos deparar com pessoas querendo transmitir aquele ar de superioridade, para compensar o nosso momento "ninguém merece!". Parece uma questão de realização pessoal (ou uma válvula de escape) "descontar" palavras arrogantes, frias e deselegantes a alguém que geralmente nem se conhece ou por se sentir contrarioado(a), desconta a ira desta maneira. Porém, o que ocorre também, e muitas vezes, são pessoas utilizando estas frases infelizes a pessoas que são julgadas por sua aparência ou pelo cargo que ocupa em sua profissão. Já presenciei e presencio muito isso, tanto nas ruas, quanto no trabalho e na própria família, afinal, parente também é serpente!

Querem muito passar a mensagem de um mundo melhor, cheio de PAZ (com a pombinha branca aparecendo, claro), então por que que um lixeiro, um gari, um carteiro, um motorista de ônibus, um agente da limpeza, um catador de rua, um segurança, um inspetor, um cantineiro, um pedreiro ou algum outro assalariado precisa ser tratado com este ar repugnante destas pessoas?  Por que, então, cobrar boas ações se ao ligar a tevê, o que mais se transmite nas novelas e programas é justamente este desrespeito a estas profissões que representam o leque de serviços úteis à nossa sociedade? Por quê? Por que que eu tenho que ouvir isso também? Por quê?

Não sei quantas vezes estive em festas e vi os donos do estabelecimento falando com os empregados como se fossem escravos, bichos selvagens, que são tratados com "chutes e pontapés" verbais. Cada um de nós, com certeza, tem exemplos diversos de situações assim, tanto voltadas a nós como também, a outros que conhecemos. É desagradável, é triste, pois nem todos tem a oportunidade de, por exemplo, ter uma escolaridade que lhe permita uma boa pronúncia com as palavras, de condições financeiras para ter uma vestimenta mais apresentável ao local que se tenha que frequentar ou uma postura mais lapidada frente a um grupo de pessoas que compartilham deste nicho de oportunidades. Repito, é triste!

Onde está o carinho, a gentileza, o famoso "a união faz a força!" no ambiente de trabalho ou fora dele? Quem é que, sendo tratado assim, consegue ter motivação para fazer bem o seu trabalho ou se relacionar com alguém? Mas peraí, outro dia eu estava reclamando de um vendedor de sorvete com meus amigos e agora estou aqui bancando o bom moço? Não, não estou bancando ninguém aqui, o que ocorre é que há pessoas que fazem pouco caso do seu trabalho e o encara desta forma a quem deve lhe prestar um bom atendimento. Aquele indivíduo não foi correto na sua função, por isso o critiquei. Não desrespeitei o cargo dele (tampouco seu salário, que já sabemos não é dos melhores). Mas como já disse isso outras vezes, só somos reconhecidos por algo quando nos dispomos a fazê-lo da melhor maneira possível. Assim sendo, você pode ser tão bom lixeiro quanto um renomado executivo, mas que destrata o seu empregado que está numa função menos favorecida que a dele, e na mesma empresa. Você destrata dele agora, mas dependerá dele depois. É um ciclo, onde um depende do serviço do outro, então, por que manter estas diferenças? 

Não importa o cargo ou a posição que se ocupa, o que importa é que temos que ser respeitados por aquilo que fazemos ou somos. Teremos diferenças em vários aspectos nesta vida, mas todos nós temos a mesma bomba cardíaca que pode parar a qualquer momento, estando qualquer um de nós numa poltrona confortável de um refrescante escritório ou fazendo a limpeza de rua após uma feira livre... E nestas horas, nem sendo um "Dr. House" daria para mudar este quadro!

 

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