De Novo! De Novo! De Novo!
por: Marcelo Moraes
"Hoje eu vou sair de cena
Me livrar da minha dor, exorcizar
Me lembrar que vale à pena
Rir de tudo, me benzer, escapar..."
"Hoje eu vou sair de cena
Me livrar da minha dor, exorcizar
Me lembrar que vale à pena
Rir de tudo, me benzer, escapar..."
Acontece muito isso comigo: quando estou lendo, ouvindo música, vendo um filme, às vezes me distancio um pouco desta atenção e fico me perguntando: Como pode alguém conseguir fazer um livro tão interessante assim? Como escrever uma letra de música tão boa? Como fazer uma trama tão instigante neste ou naquele filme? O que faz querermos assistir a um filme "trocentas" vezes e NÃO ENJOAR? Ficar cantarolando aquela música, mesmo sem ouvi-la?
Com o tempo, vamos criando certos hábitos, determinando certos gostos e tudo é resultado deste trabalho louvável dos criadores.
Nos tempos da fita k-7 e do VHS, como era trabalhoso conseguir gravar alguma coisa, tanto de rádio como de tv. Não era todo mundo que podia ter um aparelho de som ou um videocassete. Se gostou de um filme da tv, ia até a locadora e recorria aos alugueis cada vez que quisesse rever aquele filme, salvo poucas exceções que podiam copiá-lo em suas casas (ou esperar a reprise da Sessão da Tarde: "A Lagoa Azul", "A Lagoa Azul", "A Lagoa Azul"...). Se era música, você não ia comprar o LP só por causa de UMA faixa (visto que não era tão barato também os LPs na época), então ficava horas com a fita k-7 preparada e os botões do aparelho gravador para serem acionados quando a rádio tocasse a canção que tanto queria (claro, com aquela chamada da rádio no meio dela rss).
Assim foram anos e anos, quem passou por isso sabe que também não deixava de ser um passatempo e tanto (eu curti muito isso e aprendi bastante também).
Com a nossa companheira tecnologia, que chegou para ficar, hoje já ocupa todas (ou pelo menos quase todas) as casas das pessoas, e assim já compartilhamos TV a cabo, CDs, DVDs, MP3 e uma "parafernália" de coisas que passamos a consumir. Nos entregamos a tudo isso. Eu também (adoro!!). Desta forma, o acesso às obras que gostamos, tanto de músicas quanto de filmes, ficou tão fácil (e rápido também), que achei que fosse perder a "graça" dos tempos passados, onde não era tão acessível assim tudo isso e nem tínhamos essa flexibilidade em acessar várias obras disponíveis ao mesmo tempo (curtia-se uma por vez!). Engano meu, puro engano. Que nos tornamos seres do consumismo barato (e caro), não há como negar, mas que tudo isso tornou-se TÃO fascinante, temos que concordar. Como dizia "Sinhozinho Malta": "Tô certo, ou tô errado?"
Quem é que não abre um sorriso (para ser mais modesto) quando encontra aquele álbum que já nem achava que existisse mais, todinho na net para baixá-lo? E os filmes, então? Aqueles que marcaram a sua infância, adolescência, ou que tiveram uma importância em algum outro momento de sua vida? Se não baixa-o da internet ou compra o DVD, vai à locadora e se realiza com a sessão de "backups" em sua máquina. Eu disse "backups"! rss.
Dessa forma, a tecnologia foi além das nossas expectativas e criou um novo grupo de consumo, onde cada um foi se adequando e escolhendo suas preferências: celulares, MP3 player, MP4, MP5...câmeras digitais, iPod, e a lista contiua se assim fosse citar tudo. Infelizmente, nem todo filme ou série antiga está à venda em DVD, muitas obras comerciais do momento já estão prontas nas lojas antes mesmo que uma temporada que está passando na tv, termine. Enquanto outras, bem antigas, raramente estão disponíveis na rede para download (Nem TCM faz milagres!).
Os livros, pelo contrário, são alvos fáceis de serem encontrados para aqueles que não se esquecem dos "sebos" espalhados pelas cidades. Quanta coisa fascinante se encontra por lá. Completei algumas coleções de livros assim, sem contar com a economia que se faz, quando comparado com uma obra reeditada, vendida numa livraria. Mas, aos poucos, algumas obras começaram a ser digitalizadas e disseminadas pela rede e ganhando um novo nome: e-books. Passou a ser mais um alvo de polêmicas, pois ainda se discute seus direitos autorais reais x virtuais: muitos pseudoautores passam a tirar vantagem disso, "tornando"(ou tomando) parte ou um todo de obras consagradas, como suas. Em outras palavras, um plágio descarado! O mundo das "celebridades" agora ganhou status "ponto Doc e PDF"! Como já sabemos, tudo tem seus prós e contras, mas para quem pratica o bom senso, só tem a ganhar (e para uns, lucrar!).
A pirataria surge e se fortifica, mas nem todo mundo quer admitir que ela é mais uma consequência da tecnologia que o próprio homem expôs ao mundo! Tudo o que hoje falamos que é moderno, nada mais é do que mais um aparelho com diversos recursos para se compartilhar arquivos! Resta-nos, então, a aprender a conviver com isso e estabelecer nossas próprias regras (já que criar obstáculos para isso é chover no molhado, tamanha a proporção que isso tomou). E estas regras até são abordadas por alguns artistas que JÁ SE CONVENCERAM de que a pirataria é um tsunami perto do resultado de vendas de seus trabalhos, e por isso eles dão exemplos de como compartilhar estas músicas, sem "estimular" a pirataria "comercial". (faz-me rir isso). Por outro lado, há os que só tem a agradecer o favor que a disseminação de seus trabalhos pela rede lhes faz, pois acaba sendo uma divulgação sem custos adicionais. Resumindo: tem os dois lados da moeda.
Mas aí volto ao começo: Mesmo com toda esta facilidade, as obras imortais (não querendo ser redundante, mas sendo) jamais deixarão de existir, pois o que deve mover esta conotação sobre elas (acredito), é algum poder oculto presente dentro de nós, repleto de enigmas, que quem conseguir decifrá-los, será capaz de nos conduzir a este mundo fascinante das palavras escritas, faladas, cantadas, encenadas, lidas...
É um mundo onde "Vale a pena ver de novo", Sempre...
Bem, agora é Hora de dar tchau!
É hora de dar tchau!
É hora de dar tchau...
Gostou? Não gostou? Então, digitaqueeuteleio!
Oi Marcelo! Falando em "de novo...", eu também apareci "de novo..." rsrs! Só porque esse assunto foi muito bem abordado e faz parte de uma enorme parcela da população, eu me identifico com o texto porque faço parte (e fiz) dessa realidade nele explicitada. Uma avalanche de informatividade, de novas tecnologias que nos impulsionam à descobertas mil e quantas mais não surgirão? Quando penso que já estou com o aparelho "mais moderno", puf! Já está obsoleto? Concordo e penso que precisamos utilizar toda sofisticação em nosso benefício e com algum critério de consciência, dadas as discussões que menciona sobre ética, direitos e tudo, afinal, isso não é coisa recente, desde que o mundo é mundo, há quem queira tirar vantagem dos outros e das situações. E, concluindo, ter os livros nas mãos é muito diferente do que lê-los na tela (é bacana baixá-los sim), mas digo que o velho hábito da leitura ainda tem seu espaço e acredito, sempre terá. PS: tenho o hábito de ser prolixa, tentei sintetizar, mas seu texto está cheio de boas coisas a considerar. Bjins e até!
ResponderExcluirA tecnologia traz, como tudo, dois lados da moeda, por exemplo: criaram os gravadores de CDs e depois quiseram proibir as gravações – assim fica difícil! Não há realmente como deter o avanço da tecnologia, nem se deve; existe sempre um momento em que tudo explode por todos os lados, consumo exagerado, todos querem mp3, ipod, filme baixo da internet etc., mas, como sempre, esse boom se ameniza e sobrevive apenas aquilo que realmente tem mais importância; é como uma seleção natural. De todas as tecnologias a mais difícil de pegar é a dos livros, e-books, porque são cansativos à visão, tantas horas lendo um livro diante uma tela – imagine “D. Quixote” ou “Os Miseráveis” que possuem mais de mil páginas cada um. Além do mais, livro tem um charme que só há no papel, mas isso não quer dizer que no futuro os livros não possam nem sejam lidos em máquinas, que seja, o futuro ao homem pertence.
ResponderExcluirUm abraço, Marcelo.
Discussão muito boa. Para que as obras não deixem de existir depende muito de nós. O livro nos convida a uma viagem fascinante por tantos mundos, não troco ele por nenhuma tecnologia que existe, embora eu esteja cada vez mais junto a elas. Abraço!
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