sexta-feira, 20 de março de 2009

Livro com "branquinho"

por Marcelo Moraes

15-04-08

Decorando ou não, está lá. Querendo ou não, você vai ter quer saber de algo que ele oferece. Podendo ou não você dará um jeito de consultá-lo, se não puder comprá-lo. Deixando na escola ou em casa, precisa conservá-lo, afinal, é um bem de consumo, um bem para o seu aprendizado. Sem você, eles não são nada, ou... Não servem para nada! Pode ser único ou em volumes. Estes, são os livros didáticos.


Você já deve conhecer bem aquela sábia frase: "Sem estudo, você não é nada". À primeira vista pode causar-lhe uma dúvida, pois contradiz muitas das profissões que já conhecemos bem, e que estão longe dos livros, como um catador de lixo, um varredor de rua, um peão de boiadeiro, um agente da limpeza, um "camelô"...À primeira vista eu disse, pois todos eles, assim como um médico ou um executivo, partiram daquela fonte básica e tão necessária de todos nós: os livros, a escola e o professor. Nem todos tiveram estas três opções, mas uma delas se fez necessária, para pelo menos, "preencher" o cargo que ocupa.
Como somos seres humanos, somos passíveis de erros. Alguns são graves outros sutis, mas no fim, são ERROS! E errar é complicado, é complexo, é prejudicial e, dependendo da ocasição notada, uma vergonha! O que a mídia está mostrando sobre um erro de diagramação em livros de geografia não me causou espanto algum. Em termos "geográficos", sabemos que há um buato boato de que as escolas americanas ensinam que a Amazônia é território Americano. Até agora não vi nenhum livro em mãos para me certificar deste possível caso, já que na internet cria-se textos e imagens em questões de segundos para a alegria dos "espertinhos" de plantão, que disseminam isso via e-mail. Uns até criam abaixo-assinado on-line!

Mas não me espantei com este caso dos livros de geografia, por quê?

Porque não é de hoje que os erros graves ou gravíssimos são cometidos em materiais didáticos. Desde que eu passei a lecionar, tenho vivenciado isso "muito bem", principalmente com os materiais apostilados (como sistema Positivo, Objetivo, Etapa e afins) e parece um ciclo vicioso o que ocorre com eles: somos orientados em seus cursos de "Como usar o material", tirar o melhor proveito e "enriquecer" as suas aulas. Tudo bem, acho válido isso e os cursos são mesmo muito proveitosos, pois me acrescentam bastante conhecimento. Mas como ter um bom trabalho, com novas técnicas, se ao abrir um material desses, nas páginas de Ciências/ Biologia (este é só o MEU exemplo), ainda leio que "A Amazônia é o pulmão do mundo", que "Fungo é Planta", "Lula é água viva", "Vírus e bactérias são animais (ou bichos)" e que "Rosa tem espinhos"? Não sei como não enfartar com tudo isso! É como ter que ouvir com a maior normalidade um "a nível de" bem estiloso num debate de TV, numa explanação de um especialista de uma área qualquer ou dos bem pagos jogadores de futebol.

"E aí, é só reclamar para os responsáveis pela obra?"

É sim, mas quem disse que isso resolve? Ou, quem disse que se consegue um contato? Enquanto isso, os anos vão passando, as capas das novas apostilas ou livros são renovadas, porém, seu conteúdo sem o mínimo dos cuidados de revisão ou CORREÇÃO. Aparentemente os livros apresentam menores erros que as apostilas, mas como eu já disse anteriormente, no fim, são erros!

Alguns elaboradores enviam uma errata aos professores, mas o material mesmo, raramente é modificado, tornando-se mais prático só enviar esta errata, como anexo, a fazer uma nova revisão do material.
 
Achar que quem escreve estes materiais são uns deuses ou umas sumidades  no assunto, é um grande risco que se corre! Em cada disciplina já há os autores consagrados (os quais podemos tirar o chapéu pela seriedade de seus trabalhos), mas há, também,  muitos "aprendizes" que conseguem produzir materiais "duvidosos". corretivos05E é aí que não pode deixar de faltar a presença do PROFESSOR! É nele que está a base do conteúdo tratado nos livros. É nele que deve conter os anexos e complementos da sua matéria, do seu assunto. Cabe a ele mostrar que aquilo que se vê impresso não é aquilo que se estuda, de fato. Saber tirar proveito disso tudo para que o aluno também aprenda com estes erros. Não há tempo em ficar culpando "fulano" ou "cicrano", não há aulas extras para debater erros alheios. Por isso, quando me deparo com estes erros, eu logo digo: "Pessoal, passem o branquinho e 'vamo em frente que atrás vem gente'!"

Entretanto, nos próprios cursos em que participo, me deparo com outro erro (ou seria risco?): os próprios "colegas" de profissão não sabem do que estão falando! Minha surpresa ou desgosto só aumentou quando, em um dos cursos, elaborávamos algumas atividades em equipes e eu fiz uma observação justamente sobre um erro encontrado num material: "Olha isso, como que o professor não viu algo tão 'na cara'?" (sobre a nomenclatura científica). Dirigi a pergunta "técnica" à colega ao meu lado, e ela ficou me olhando com cara de peixe morto...morto de fome, porque de vergonha na cara, nem um pouco: "Por que, não é assim?" Queria que aquele teto se abrisse e aquela cadeira que me sentava ejetasse de lá (comigo junto, claro), num piscar de olhos... Mas eu estava vivendo a dura realidade.

Aí me pergunto: como ensinar bem se quem ensina, não sabe aprender?
 
Por isso que, para mim, aquela frase de início é mesmo sábia... Há erros muito mais sérios que uma rápida correção de diagramação.
_________________
Gostou? Não Gostou? Então, digitaqueeuteleio!

10 comentários:

  1. Nossa, Marcelo!
    Concordo com tudo que você acabou de dizer em seu post.
    Acho que muitos esquecem que a vida é "um eterno aprendizado", que estamos sempre aprendendo alguma coisa e acham que sabem tudo ou sabem o suficiente, que não precisam mais aprender. Pena!
    bjs

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  2. verdade ma, como fazer para um sujeito que não quer aprender aprender para chegar onde ele nem sonha em chegar?
    adorei o texto, vc arrassssssssaaaaaaa sempre....visite meu novo blog...rsrs

    abraços

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  3. esqueci...branquinhos nesses projetos de gente grande....hahahah

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  4. A vida é uma eterna escola, há quem aprenda mas ha aqueles que são burros demais para aprender boas coisas

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  5. Marcelo,
    Há um selo pra você no meu blog.

    Um abraço, meu querido!

    William

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  6. Falou tudo e de um jeito muito bem humorado. Adorei ler. Não dá pra cobrar tanto dos alunos se o que o próprio professor não sabe aplicar. Abraço!

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  7. É brabo. Mas eu culpo também as editoras pela qualidade dos livros. Publicar um livro não é muito difícil. Se ele for vendável, como são os livros didáticos, publica na hora. Agora, vai publicar um artigo pra ver. Ele é revisado por especialistas e não é publicado se não for bom e enquanto todos os erros não forem corrigidos. As editoras deveriam ter o mesmo controle, creio eu.

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  8. Acompanhei ontem no fantástico a matéria sobre os didáticos com erros considerados como crassos, você tem razão, a tendência das pessoas é considerarem deuses quem escreve os livros, e se errar, ja viu, condenação. Outros ja foram abordados ano apssado pela Veja, em algumas apostilas de redes.

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  9. Marcelo,

    O problema é gravíssimo.
    Também sou professor. Já houve várias ocasiões em que alguns meses antes de terminar o ano letivo, participávamos de várias reuniões para escolher o livro didático que seria utilizado no ano seguinte. Pois é, a escolha acabava escolhendo outro livro porque a editora "tal" oferecia determinados "brindes". Não falarei mais do que isso, senão serei prejudicado. Mas quem é professor sabe que isso é uma prática constante.

    Abraços.

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  10. Isso é triste, Ma, isso é muito triste. E não estou falando dos erros de diagramação. Estou falando da falta de preparo e de conhecimento de muitos professores. Isso me assusta.
    Uma vez, vi em um caderno de uma criança os numerais, escritos pela professora e que deviam ser copiados pelos alunos.
    Estava escrito assim:
    Um, dois, TREIS,...
    Oh meu Pai!!!!

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