Blogagem Coletiva: #movieofmylife

por Marcelo Moraes

UM SONHO DE LIBERDADE

O que pode um filme que não é romance, comédia nem drama rasgado significar tanto assim para alguém? O que um filme que acontece tudo dentro de um presídio, lotado de “eternos condenados” teria a acrescentar? Como pensar em sonho, em liberdade, assim?

“Esforçar-se para viver ou esforçar-se para morrer...”

De repente me vi tão próximo daquele filme quanto o seu autor ou personagens. Foi algo súbito e temporário, sucinto e complexo... Às vezes é até difícil descrever, seria como recontar a sua história, fazendo algumas adaptações para a minha, mas antes, preciso voltar um pouco no tempo. Passei a apreciar filmes no final da adolescência, começo da vida adulta, quando, então, pude comprar um dos últimos modelos de videocassete do mercado (foi questão de honra, se alguém consegue me compreender isso), pois meu pai não aprovava a ideia de se alugar filmes (era jogar dinheiro fora). Os videocassetes que tínhamos em casa eram só para gravações de tv (péssimas imagens) e mais nada (mas os aparelhos quebraram com o tempo e ficaram abandonados num canto da casa - arrumar seria mais dinheiro "jogado fora" - para ele). Os primeiros salários que recebi serviram-me de chave para abrir portas que antes eu era impedido: ter o meu aparelho de som, cds, vídeocassete e filmes. Cinema assisti poucas exibições e mal sabia nome de atores. Com o meu videocassete, revi algumas fitas antigas, umas doadas, outras emprestadas e aí, sim, fui matando minha “sede” por imagens e sons. Mexer num videocassete era um misto de satisfação e conquista (eu era livre para assistir o que eu queria naquilo que agora já era meu - e ainda é e funcionando muito bem). Pouco tempo depois, comprei o meu aparelho de DVD e aí abri a “Porta da Esperança” de vez: virei um colecionador de filmes! Meus gostos principais? Ficção, terror e suspense, mas este não é o assunto de pauta, vamos voltar pro videocassete: por uma sorte ou destino assisti Um sonho de Liberdade. Era uma cópia VHS que me fora emprestada. Eu assisti ao filme e algo me cutucava...algo me dizia ou queria me dizer...mas o filme acabou e não cheguei a conclusão alguma. Devolvido o fime e ainda com a “pulga atrás da orelha”, fui à locadora e o encontrei em DVD (eu ainda estou me alfabetizando com filmes, muita coisa antiga, para mim, é novidade). Novamente aquele filme me cutucou, mas agora pude decodificar tudo aquilo, e vi o quanto aquela história se assemelhava com trechos da minha vida. Em muitos deles, são situações nem tão "alegres", mas é um filme que toda vez que o vejo, me emociona, mas também, me fortalece. Este sim, é o filme da minha vida (E por tantas vezes já dissera esta frase a mim mesmo). Pouco tempo depois, comprei a edição de colecionador do filme, em DVD duplo e caixa especial. Mais surpresas, ao saber pelos extras, que fora um filme pouco valorizado na época de lançamento, sendo RECONHECIDO, muito tempo depois, quando já não estava em cartaz. Coisas da vida (ou da minha vida?)... Já no tempo atual, agora mais alfabetizado neste sentido, "tentarei ser breve",  indo aos momentos que julgo mais marcantes sobre a obra (pela minha ótica).

Título: É uma frase cujo propósito é o meu foco: UM SONHO DE LIBERDADE. No trabalho? Não, na vida mesmo (em alguns aspectos, apenas).

História: isolamento, tensão, vida social, regras, segredos, verdades, mentiras, castigo, punição, brigas, violência, acusado, inocente. Em um mesmo lugar (presídio) acontece de tudo: sinônimos e antônimos dividindo o mesmo espaço. Pessoas comuns que passam a viver em sociedade (elegem um líder que terá "súditos", que seguirão regras, caso contrário, correm o risco de serem castigados por seus “erros”). Uma sociedade com líderes do bem e do mal, com súditos do bem e do mal. E no meio de tudo isso, surge um homem visto por todos como mais um forte criminoso; e por mais que ele diga ser um inocente, vira motivo de chacota, pois ninguém acredita nele e por isso passa a ser visto como só mais um por lá. Pera aí, eu disse todos? Não, não, quase todos. Ele encontrou um companheiro, que por estar naquele espaço há mais tempo que ele, descobriu no novato preso, o real valor da sua inocência. Passou a lhe dar ouvidos, lhe respeitar... Deste respeito surgiu a confiança, e dela, um exemplo de amizade pouco encontrada neste mundo “fora das grades” .

Quem pensa, não cansa, não morre, não envelhece: progride! E foi o que este preso novato fez para sobreviver naquele mundo-cão: buscou o seu sonho (o SONHO DE LIBERDADE), pen-san-do! Passou de "súdito" a líder, trazendo conquistas para si e aos demais companheiros daquela sociedade: conseguiu verba para a reforma da biblioteca, fez a declaração do imposto de renda de todos os funcionários (ou não) do presídio e resolveu situações conjugais dos mesmos (ganhando a confiança dos “grandes”, pois fora das grades fora um advogado bem sucedido), e chegou a trabalhar junto ao diretor do presídio, onde foi o ponto forte ou o clímax, como podemos dizer, da trama... Daí em diante as coisa vão acontecendo, e acontecendo, e acontecendo... E onde ele faz as conexões de todas as ações realizadas nos 19 anos que passou por lá até que, como planejado, conquista o seu SONHO DE LIBERDADE (uma das cenas mais surpreendentes da obra). 

Fechamento:

O desejo em trazer o conhecimento; o ensinamento que a REconstrução da biblioteca lhe permitiu realizar a todos; a insistência em escrever as cartas para conseguir a verba para a biblioteca; a paciência, a esperança e a luta pela sua justiça são os pontos mais fortes para mim, pois ser julgado (eu diria pré-julgado) por algo que não fez e ter os verdadeiros culpados como heróis ou inocentes é algo que, anos depois de ver o filme, eu vivenciei* (e vivencio). Mas assim como no filme, alimento aquele espírito do personagem e, aos poucos, estou me aproximando do MEU SONHO DE LIBERDADE. Se a vida imita a arte, não sei, só sei que a arte me trouxe mais para a vida. A minha vida. Nem tudo da arte é ficção...pelo menos é esta a visão que passei a ter, para mim.

“é um filme que toda vez que o vejo, me emociona, mas também, me fortalece. Este sim, é o filme da minha vida..." #valeapenaverdenovo

Teria muita coisa para abordar sobre esta obra, mas nada melhor que ver o filme para perceber o seu significado. Portanto:

ESTE FILME, EU RECOMENDO!!!! #semjabá

* Mas calma, não matei ninguém e nem sou um condenado! rss. Entretanto, tem um grau de seriedade, também.

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