Dia da Música: Solta o Som!
por Marcelo Moraes
“Um ser comum, sou mil defeitos/ Nem sempre sei o que falar/ Mas se ouvires com atenção/ Minhas canções te falarão/ Tudo que eu não soube dizer/ Existem erros na poesia/ Tipo" eu te amo" sem rimar/ Mesmo usando alguns acordes/ Minhas canções te falarão/ Tudo o que eu não ousei dizer”
“Agradecer, eu preciso. Agradeço, primeiro, a Deus e a todos os seres de luz. Algo muito forte sempre me levou à música. O conhecimento pode ser transformador, por isso agradeço a todos os meus professores e mestres, principalmente Elis Regina, pela inspiração e à minha mãe, minha mestra de todas os dias. Meu pai, por sempre dizer “minha filha é retada”. Aos meus alidados, meus fãs que me alimentam de palavras carinhosas todo esse período de gestação do disco. Agradeço a todos os músicos com quem tive o prazer de trabalhar. Aos bares, às bandas, aos trios, e todos os palcos que já pisei e que me levaram e este disco.[...]Chegou a hora de assumir meus erros e acertos. Isto é ser solo. Solo às vezes é fértil, às vezes árido, às vezes escorregadio. Precisamos ter fé, sabedoria e amor. Mas, acima de tudo, amor. Eu amo cantar.” Carla Visi
“O melhor lugar do mundo é aqui, e agora... O melhor lugar do mundo é aqui, e agora...”
Eu sou brasileiro. Moro no mesmo país em que nasci. Vivo e sobrevivo aqui, e todo o meu aprendizado não foge do “jeitinho brasileiro” que tanto praticamos, querendo ou não. Sei o valor do meu espaço, sei também, que nem sempre lhe dou o devido valor. Sou um brasileiro, por isso falho e acerto, mas não nego a minha raiz. Entretanto, falar de música por aqui não é lá tarefa fácil. Uns a banalizam, outros a idolatram, alguns a rejeitam, mas sempre há uma luz no fim do túnel: há quem goste, e goste muito. Educação, sabemos, é a palavra-chave. Ela já foi, é e sempre será a via condutora para isso. Contudo, mesmo que o Brasil não apresente um aprendizado louvável da cultura e prática musical entre seus cidadãos (refiro-me no estudo da música), devemos ter o bom senso. Saber que, como ocorre em qualquer outra profissão, quem trabalha com música também trilha o caminho da batalha do lugar “ao sol”. Uns acabam se destacando por méritos, uns por serem polêmicos, por serem corretos, por serem de apelo comercial, por um talento estético, por ser original, por ser mais uma “cópia” do original, e por aí vai uma lista recheada de motivos. Todos querem a música, ou querem tê-la de alguma forma. Nestas horas, nossos ouvidos travam um desafio: ouço ou não? O que estou ouvindo é isso mesmo? Será que vou gostar? Ele canta bem? Ela canta bem? Ele canta? Ela canta? Prefiro ouvir isso ao vivo. Prefiro ouvir isso gravado em estúdio. Desliga isso, por favor! Pera aí, aumenta o som!
“Eu sonho como todo mundo sonha, eu digo pra mim mesmo 'um dia eu chego lá'...”
Eu não tenho um conhecimento técnico sobre música, mas pratico formas de conhecer sempre um pouco a respeito, seja através da música, de músicos, de textos, de opiniões de diversas pessoas, entendidas ou não. Pratico mais o aprendizado do senso comum. E este aprendizado me fez ter um ouvido um pouco mais treinado para distinguir o que é bom do que nem é tão bom assim, de tudo o que ouço. Mesmo assim, eu ouço, e ouço de tudo (ou de QUASE tudo). E isso inclui os programas aparentemente duvidosos, mas que retratram o lado cruel e “bom”(um tiquinho de otimismo não faz mal, né?) do nosso momento (musical, financeiro, intelectual?). Ao compararmos os shows de realidade produzidos no Brasil com os de outros países nota-se uma diferença gritante em termos de qualidade dos nossos conterrâneos. E os poucos que se destacam, nos fica a pergunta: o que vão fazer com eles? Brasileiro é assim, sofre, mas não desiste. E é por isso que é tão complicado falar de música por aqui, pois é um vai-e-vem de sentimentos, que se misturam àquilo que nos move, nos une: a própria música. Para o brasileiro, a vida é sim uma trilha sonora, pois até quando chora, ele emite som! E quem duvida?
Tentei perguntar a Mim Mesmo o que tenho a dizer sobre música, e o que rolou entre Mim e Mim Mesmo, você confere logo a seguir:
Mim: Por que você gosta de música?
Mim Mesmo: Posso ser sincero?
M: Pode.
MM: Por que eu gosto.
M: E o que mais?
MM: Posso ser sincero de novo?
M: É o que eu quero.
MM: Porque eu acho que é ela que gosta de mim. Está sempre por perto, às vezes grita, às vezes ri, às vezes chora, mas sempre me chama. Sempre me toca... Sempre me pede para repeti-la. Incrível isso, por mais que eu tente lhe explicar, não consigo. Sou dependente de frases e versos cantados, de rimas ou de estrofes longas, de refrões ou de citações harmônicas. Tá, eu seeeeeei que boa parte dela sofre certos “ajustes”, em muitas, até demais (sem querer ser redundante)! Mas eu sei, também, que por mais que ela tenha defeitos, foi feita pra mim.
M: Mas isso não é exagero da tua parte?
MM: É pra ser sincero ainda?
M: Sem dúvidas.
MM: Dizem que só há sete pecados capitais, né? Aparentemente, pois se dependesse de mim, seriam oito! Música pra mim tem que ter palco, banheiro, quarto, sala, cozinha, rua, parque, estrada, gente...tem que ter o mundo, pois ela por si já é um mundo: um mundo de sonhos, de emoções, realidades, recordações... Me conduz ao vício, gula, avareza (e tudo e mais um pouco)…
M: Você tem algum estilo musical específico?
MM: Não, tenho uns que gosto mais que outros, mas não sou limitado a um ou outro, só. Sempre fui rodeado de pessoas que têm gostos distintos para música e assim aprendi a não ser estúpidamente seletivo nas escolhas, como é comum para algumas pessoas. Mesmo eu não curtindo uma música, não dispenso a companhia de quem gosta. Mas é uma questão de puro gosto mesmo, de afinidade (com pessoas ou com músicas). Mas não me peça para “gostar” de um estilo, me indique para conhecê-lo e deixe-me decidir, ok?
M: É, você tem razão. Várias vezes alguns amigos ou parentes me forçaram a “curtir” um estilo e mesmo eu dizendo não, me viam como um ser pecador! Talvez se encaixaria mesmo como um pecado capital. rss Mas, continuando: Hoje é comemorado o dia da Música. O que você tem a dizer sobre música neste dia?
MM: Eu sou a música!
M: Ei, esta fala é minha!
MM: Engano seu, meu querido EU, ela é nossa! A música não tem dono, ela é de todos nós, não se esqueça disso! (salvo seus direitos autorais).
M: É, por esta eu não esperava, você me pegou direitinho.
MM: Eu me conheço, rapaz...
*Carla Visi é uma das artistas que compõe meu roll de admiradores, essenciais aos meus ouvidos. Ex-vocalista da Banda Cheiro de Amor, está, como muitos colegas de profissão, batalhando por seu espaço neste turbulento mundo da música. “Gravar disco ‘independente’ é diferente. A grana é pouca, mas a vontade de dar certo é muito grande. E assim tudo começou…” |
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Marcelo,gostei muito do post.Como sempre muito bem escrito e argumentado.O diálogo com você mesmo foi um achado.Concordo com muito do que você disse.
ResponderExcluirGrande abraço.
Adorei sua conversa com "mim mesmo"!!!
ResponderExcluirEu acho que o melhor lugar do mundo é aqui e agora! Canto sempre esse trecho do Gil!
E sim nós somos música e a música somos nós!
Bjs! Eu também estou participando!
olá!
ResponderExcluirA música é a fotografia de nossa alma,
Adorei,também soltei o som.
Boas energias
Mari
Gostei muito do seu post.
ResponderExcluirNem sempre temos coragem de dialogar com o "mim mesmo" (por medo) rsrs.
Mas a musica une o mundo, e isso é o mais importante.
Parabéns.
Beijo com perfume de Rosa e...Arrepio na pele.
Marcelo,
ResponderExcluirGostei muito da conversa consigo mesmo, para mim este trecho sintetizou bem o que a música me proporciona e, em grande parte, o que ela é: "Está sempre por perto, às vezes grita, às vezes ri, às vezes chora, mas sempre me chama. Sempre me toca..."
Abraços.
Marcelo, esta conversa de você com você mesmo, além de ser original, ficou muito legal!
ResponderExcluirE Carla Visi tem uma voz linda, merece reconhecimento!
Muito obrigada pela visita, seja sempre bem-vindo, viu?
Beijo, bom final de domingo!
Marcelo,
ResponderExcluirVocê foi muito original nessa postagem, adorei o diálogo.
Gostei das suas seleções e reflexões sobre a música.
Beijos Tempestuosos!
Ai, que coisa gostosa esse teu texto e esse diálogo louco! Mas é isso mesmo que disseste: a música é de todos!
ResponderExcluirUm beijão!
=*
Marcelo , que post original, adorei! Muito obrigada pela participação.
ResponderExcluirAbraço
Essa sua conversa com "mim mesmo", foi demais. Amei o post!!! Adoro a Carla Visi.
ResponderExcluirParabéns!!!!
Bjs
Poxa Marcelo,
ResponderExcluirSó posso te dizer, meus parabéns!
Original e fantástico!
Amei...
Um grande abraço
Paulo ka
the K theory
Que linda entrevista! Rolou uma ótima cumplicidade entre o entrevistador e o entrevistado. Mito legal a sua forma de se expressar o quanto a música faz parte de vc. Parabéns e obrigado por compartilhar conosco.
ResponderExcluirE obrigado tbm pela visita!
Espero nos vermos sempre!
Há braços
Paulo
gostei da parte de entrevista que fez e o que dizer? sou movida a musica isso explica muita coisa
ResponderExcluirPois é Marcelo.Concordo especialmente contigo, quando diz que o fato de dispensar algumas músicas, não te faz dispensar quem gosta delas.
ResponderExcluirSabe essa coisa de intolerãncia nunca é legal, especialmente numa coisa tão fantástica e com tanto poder de aproximar quanto a música.
Abração
Muito bom..otimo post..
ResponderExcluirmas este dialogo foi o maximo rsrs
Abraços
Que eu admiro e aplaudo todos os seus posts não é mais nenhuma novidade né? rs
ResponderExcluirParabéns pela originalidade e pela profundidade com que comentou o tema, a música nos acompanha o tempo todo, a história de cada um compõe uma linda canção.
bjos
@Todos
ResponderExcluirObrigado pelos comentários que deixaram. Eu e Mim Mesmo agradecemos as visitas de vocês, e as postagens dedicadas nesta blogagem (que já conferi em seus respectivos blogs) também. Abraços.
Valeu, Marcelo!!! Muito bom... E ao som de Carlinha, nem se fala!
ResponderExcluirAbraços!