sexta-feira, 26 de junho de 2009

Droga rima com Informação!

por Marcelo Moraes

 

Dia Internacional do Combate às drogas

Quem é que já fez uma cara de espanto quando algum conhecido disse que fumou um baseado? Ou quando viu alguém “cheirando algo” pelas ruas ou se comunicando por códigos perto de você, num transporte coletivo? E o espanto ao notar que alguém se aproximava para falar com você com aqueles olhos estranhos, avermelhados e um olhar que já dizia: meu Deus, o cara tá drogado!? Já passou por isso também?

A facilidade que temos em popularizar alguns termos, muitas vezes corretos, nem sempre traduz o que o indivíduo diz. Falar é uma coisa, saber é outra e entender o que fala, outra mais distinta ainda. Portanto, não cabe apenas deixar uma opinião pessoal a respeito das drogas, mas uma experiência que sirva a longo prazo e que possa ser disseminada tanto mais quanto a própria “Droga”. Sendo assim, preciso voltar um pouco no tempo para que possa entender o motivo da minha contribuição, no final.
 
No meu período de faculdade, minha turma participou de um projeto chamado MOVA (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos), e cada um dos grupos que formamos, era destinado a tratar de um assunto da área da Saúde (já que o curso era  de Ciências Biológicas) em locais já definidos pelo projeto: quase todos em favelas ou em bairros muito carentes. A nossa experiência valeu mais como pessoas mas pouco serviu como profissionais (embora todos nós tinhamos feito trabalhos excelentes e verdadeiros). Isso tudo porque falar uma linguagem que não é a tua requer muito contato com esta dura realidade das pessoas que vivem em condições precárias. Elas alimentam um sentimento de dor, que pode mudar subitamente de raiva para amor em questões de uma simples palavra dita por “nós”! E esta realidade bateu de frente em nossas exposições. Em todos os relatos dos grupos na faculdade, após o dever cumprido, quase todos tinham sido à base da tensão: um dos grupos foi falar sobre Drogas em um morro aqui nas regiões do ABC Paulista. Local retirado da cidade e onde o consumo e o “tráFEGO” de drogas é constante. Os colegas do grupo nos descreveram seus momentos de tensão desde a chegada até a volta do local. Foi uma palestra com armas expostas e algumas delas, na direção dos meus colegas, até o final do trabalho. A proposta era tão e somente abordar sobre as drogas, seus efeitos e consequências no organismo humano. Nada mais. Opinião? Nem pensando baixo isso foi cogitado. IM-POS-SÍ-VEL! O recado por lá foi dado, mas será que aquilo tudo foi suficiente? Não sabemos, difícil, muito difícil concluir isso, pois mesmo assim haviam pessoas assistindo com tamanho interesse e feliz por estar recebendo aquelas orientações. Foram muitas? Foram poucas? Não sabemos também, pois se não houve clima para voltar, quem dirá saber para quantas pessoas eles falaram tamanho o medo que passaram! Ninguém mais desejou prosseguir com aquele projeto, pois o mais difícil de tudo, não é dominarmos o nosso conteúdo e nem sermos aprovados por uma banca de monografia, mas saber que estas pessoas nos olham como se fôssemos os verdadeiros bandidos do pedaço, e nos deixando aquela sensação de que nem toda ajuda é bem-vinda…
 

Aí poderiam dizer: mas vocês também tinham que falar diferente (usando gírias???); usar uma roupa mais apropriada (vestir farrapos???); vocês foram lá “assim” (vestidos de gente???)? Ora, eu não posso negar a minha origem: se estou fazendo aquilo pela minha e pela nossa educação, teria que fazer o contrário? Desculpa, mas a culpa aqui não é nossa (do grupo), mas daquela palavra que falta a muitas pessoas que usam os termos populares sem saber o significado: IN-FOR-MA-ÇÃO! É por isso que muitos desentendimentos acontecem entre as pessoas, justamente por não entenderem o significado correto dos termos ou expressões e traduzirem isso como um desrespeito ou alguma forma de provocação ou de distinção social.

Por isso, às vezes uma experiência relacionada tem um teor mais consistente que só deixar uma opinião. Em cada grupo (ou tribo ou seja lá qual for o termo utilizado para os grupos de pessoas), sempre terão em seus espaços, pessoas para falarem “de igual para igual” (para ser bem direto). No grupo deles esta pessoa é o “Líder”, e no meu (ou no nosso) é o Educador. Tentar fazer o contrário, talvez não seja o mais recomendável. Entretanto, sugerir algumas fontes para informação sei que será mais promissora e contribuirá para a formação da opinião de quem ainda busca uma. E uma das sugestões é o documentário Maconha: A história verdadeira – e sem cortes – da proibição da cannabis. Um DVD distribuído pela Superinteressante, que embora só tenha em versão legendada (que nem sempre é tão agradável em se tratando de DOCUMENTÁRIOS), é um material muito bom para, pelo menos, não falar sem pensar e nem trocar “alhos por bugalhos”. Nele, consta, também, em forma de livrinho, uma matéria que a revista publicou sobre a maconha em 2002, que vem dentro do DVD. Vale a pena conferir todo este conteúdo, pelas curiosidades e qualidade apresentada também.

E não se preocupe: a maconha só vem impressa, tá? :P

 

Conheça o DVD!MACONHA é um documentário histórico sobre a guerra contra o uso da cannabis. Das primeiras décadas do século 20 até hoje, inúmeros mitos foram criados. Milhares de jovens acabaram presos. E bilhões de dólares foram gastos em uma verdadeira cruzada que, como revela este filme, ainda está longe de inibir o consumo da droga.

Este DVD tem na Blockbuster!
 
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11 comentários:

  1. Informação é realmente libertadora! Ainda mais nos novos moldes de nossa sociedade moderna da informação. O seu relato de trabalho em comunidades e os códigos que são distintos levando a uma possível falta de comunicação, traz uma outra discussão, o da necessidade de um interlocutor, um mediador para se proceder a uma comunicação direta. Aí entraria o papel do agente comunitário de saúde, que, com seu treinamento continuado e que comunga dos mesmos códigos de determinada cultura, pois é morador da região, funciona como um agente estratégico nesse sentido. O tema drogas é abordado por eles e acredito ser uma ação positiva no tratamento da informação para a sociedade.
    abraços

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  2. Muito boa sua postagem. Depois volto pra ler mais. Gotei! Abraço.

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  3. @Cristiano
    Tudo depende, primeiramente, da estrutura do projeto. Este, notei que foi falho (muito falho), mas para não alongar o post, alguns pontos não foram descritos, mas até os responsáveis pelas comunidades apresentam uma certa "ignorância" também. Ignorância de conteúdo mesmo, e isso dificulta ainda mais a comunicação com aquelas pessoas. Mas olha aí, serviu, pelo menos, para um post bem oportuno, né? rss Abraço.

    @Lucia
    Que bom, seja bem-vinda. As portas não se fecham por aqui...pode voltar quando quiser...rsss

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  4. Marcelo,
    A informação é essencial, principalmente àquelas que estão formando seu caráter, que são as crianças. Mas, a informação deve chegar tbém aos pais, para que eles saibam agir e orientar seus filhos.
    bjs

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  5. Amigo, parabéns! Bom demais, super claro!!!De fato, a informação é fundamental!

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  6. Marcelo,

    a informação rompe barreiras e talvez seja o único caminho viável no combate as drogas: há muito se fala em conscientização, em educação e informação, que deve começar na escola,a Polícia Militar do Estado de São Paulo tem o projeto Proerd com crianças da, se não me engano, 4ª série do fundamental, que para mim parece ser um bom começo.

    Parabéns pelo post, abraços.

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  7. Parabéns pelo post, bela blogagem!
    Informação e educação são armas muito importantes no dia-a-dia contra as drogas, o racismo, as DST, o preconceito etc. Acertou na mosca, conhecimento é tudo!

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  8. Olá Marcelo, obrigado pela passagem lá no Verseiro e pelas palavras deixadas...terminei ontem minhas provas e estou colocando os coments em dia...Sobre o assunto aqui, ele é sempre polêmico e gera variadas opiniões. Acho que qualquer tentativa de esclarecimento ajuda e muito, mesmo sendo a abordagem falha como voc~e disse...Um abraço na alma e ótimo fim de semana ok...apareça sempre que puder...valeuuuu

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  9. Ei Marcelo.Informação sempre, até por que toda insegurança e medo vem quando ela não é clara e concreta.Acho que é super necessário um trabalho anti drogas que seja eficaz (de fato).
    Acho que a linha entre combate e promoção muit tênue...
    Abração meu querido.

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  10. a informação é extremamente importante ainda mais para assuntos como esse, quanto mais aparecem coisas desse tipo com certeza são menos entrando para esse mundo

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  11. @Kellen
    Pois é, e tem pais que nem sabem como se cria um filho!

    @Elaine
    Obrigado

    @Luciano
    Exato, tem este projeto no colégio em que trabalho, é muito bacana mesmo. Obrigado.

    @crazyangel
    Obrigado! Bj

    @Elcio
    Também acho, mesmo sendo pequena, não deixa de ser uma ajuda ou uma contribuição. O importante, nestes casos, é tentar. Tentamos...e não deixou de ser válido por isso, também. Abraço.

    @Robson
    Complicado, né? Difícil é a maioria perceber esta diferença. Abraço.

    @Julis
    Pois é, mas ainda bem que as tentativas de implantação de novos projetos não param. Já é um bom começo...bj

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