Mentira tem perna Google!

por Marcelo Moraes

ENSAIANDO A NETQUETA II

 

Chegou no trabalho e tem gente rindo da tua cara? De repente passou a receber mensagens e e-mails com gracinhas que você não sabe o motivo? Algumas pessoas passaram a lhe dar mais atenção, justamente aquelas que mal notavam a tua existência? Recebe a ligação de um conhecido que lhe quer detalhes de uma coisa a seu respeito? Vendo-se diante desta situação, você junta as peças e diz: “Pera aí, como é que você ficou sabendo?”

 

Vamos voltar um pouco no tempo para formular mais algumas questões. Quando teve o seu primeiro contato com a internet? Em que ano, se lembra? O que você aprendeu primeiro? Foi sozinho, em escola ou com o auxílio de alguém? Teve afinidade com a máquina e com a rede logo de início? Conseguiu avançar no universo virtual rapidamente ou levou tempo para fazer as coisas que agora as faz automaticamente? Hoje, estas questões podem nem mais fazer parte da sua memória a longo prazo, pois o aprendizado você já o tem, que é navegar pela rede, e muitos poderiam (ou podem) dizer que já que aprendeu a utilizar, não importa mais saber destes detalhes. Pois é...  Não há motivos para falarmos do nosso início com a internet ou computador se o que nos atrai os olhares são as opções de endereços que a Word Wide Web nos oferece: e-mails, sites de busca, serviços ao consumidor, lojas virtuais, atendimento especializado on-line, bancos, redes sociais, chats, mapas de localização e o que mais a mente criativa do homem permitir (e permite) realizar. Pera aí, eu disse sites de busca? Pois é, disse mesmo! De repente as coisas se encaixam: na primeira abordagem do Ensaiando a Netqueta, destaquei que o que comentamos ou a forma de como comentamos, pode ser motivo para um blogueiro atrair ou espantar um visitante, justamente por não aceitar ou não saber discutir uma opinião ou uma exposição contrária à sua. Entretanto, não é preciso estarmos blogando para aceitarmos ou discordarmos de uma opinião, basta uma simples pesquisa pela rede para nos depararmos com casos assim, o que não será novidade alguma. Porém, isso passa a ser (novidade) quando você, digamos, descobre, ou dá de cara com algo totalmente inusitado (termo sutil para “filha da mãe”): fazendo uma busca pelo Google por palavras-chave do assunto que me cabia, cheguei a alguns resultados, mas um deles me chamou a atenção: colegas de profissão se auto intitulando com cargos que são inverdades, além de citar nomes de colegas como sendo seus “súditos” (eu sendo um deles!!) :O. Ao constatar o que via, ficou claro uma coisa: há pessoas que não sabem a dimensão que é a internet e como parte destas informações são acessadas por quem navega por ela.

 

Li e concordo...

Responda com sinceridade: você lê na íntegra todo contrato de um novo cadastro que faz na web? Lê mesmo? Pode até ser que sim, em alguns casos, mas não é errado dizer que quase ninguém lê, pois sabe que, se não concordar com aqueles termos, não efetuará o cadastro. Então, qualquer um, criança ou adulto, com noções básicas de letramento, mouse e teclado realizará (e realiza) um cadastro desses. Se é só por curiosidade ou moda, ou por necessidade do serviço, tanto faz, afinal, os dados são só dados para entrar naquele site, certo? Para quem pensa assim, é, mas para quem tem um pouco mais de noção do que se passa pela rede, não. Esta constatação fica mais clara com o crescente número de crianças entrando no orkut, com ou sem a permissão dos pais (mais evidente a segunda opção), pois é um site que, segundo o acordo, não é permitido para menores de 18 anos. Atitudes tão comuns que muitas vezes (para não dizer quase sempre) os pais não se importam ou dão qualquer importância ao que isso possa acarretar (àqueles pais que nem sabem o que o filho faz na internet). Aí vemos os diversos crimes/acidentes virtuais que se tornam reais, envolvendo crianças. As mesmas crianças que, ao se cadastrarem, já sabem que é só clicar no “li e aceito” e dizer que tem mais de 18 anos. Algumas acabam sendo instruídas pelos próprios adultos a fazerem isso. Se isso já se passa com crianças, com adolescentes e adultos, nem preciso dizer mais, não é? Cada nova geração está tomada por uma infinidade de conexões tecnológicas: computador, MP3(4, 5, 6...) celular, TV digital e demais similares ou derivados. E unindo ou conectando a tudo isso, a própria internet. Então, já sabemos que aprender a usá-la agora é uma necessidade e não mais um hobby ou, apenas, mais uma ferramenta de comunicação. É um idioma. Quando postei o “Me adiciona?”, me fez ficar ainda mais atento àquilo que eu já fazia na internet, pois ao centrarmos todos os nossos cadastros na web, vemos que aos poucos vão aparecendo sempre mais um... Imagina, então, quantos que já foram feitos e que nem mais lembramos? Boa parte tem uma explicação: novidade, curiosidade. Mas outra parte, a meu ver é por descuido, desinformação. Aquele que não se preocupa em aprender os recursos da internet, hoje em dia, vai viver “pisando em ovos”, e nem sempre as consequências serão só virtuais. Há os que utilizam um anonimato de imagem e de dados pessoais com o intuito de se precaver de problemas e os que o utilizam para trazer prejuízos aos outros. Mas não precisamos estar no anonimato para trazermos algum prejuízo a alguém ou a si próprio. E foi o que aconteceu comigo, apenas utilizando um site de busca! Mas utilizei isso apenas como exemplo, pois outras buscas já foram (e são) feitas e novas descobertas também... E se tem uma coisa que o blog, sem dúvida, tem me proporcionado, é aprender estas entrelinhas da web. A internet, de uma certa forma, se assemelha com a ciência, pois acaba mostrando que nem toda verdade é para sempre, porque mais adiante haverá uma nova versão dos fatos ou alguém constestando algum dado anterior. Claro, isso falando a grosso modo e não tomando nenhum caso científico em particular (que fique claro isso). E assim, além desta descoberta, surgem pessoas se fazendo de “novas amizades” ou de “parcerias” para o blog e que não sabiam (ou talvez nem saibam) que seus e-mails são divulgados não só para mim, mas para toda a rede: naqueles mesmos cadastros que foram feitos no sistema “li e aceito...” e que, com certeza não foi lido com total atenção...

As voltas que o mundo dá!

Eu deveria tirar satisfações com aquela criatura e fazê-la corrigir aquela inverdade? Não, não deveria, pois o mundo dá voltas: enquanto tive uma feliz notícia através de um cadastro on-line, nem tão “rechonchudo” por conta dessas inverdades como o da criatura, a mesma se encontra numa situação nem um pouco prazerosa, para quem tem um vasto currículo “profissional” divulgado na rede. E para saber disso, nem precisei perguntar a ela: seus próprios dados em redes sociais me disseram isso, inclusive o msn - será que a pessoa sabe que msn também é uma rede social? E você?

Mas o que você quer dizer com tudo isso?

Aquilo que já deveríamos saber de início: ao fazermos um cadastro pela rede, devemos ter a consciência do que colocaremos nele e qual o grau de relevância que ele nos representará, pois um site de empregos torna-se uma prioridade frente a um site de trocas de músicas (que utiliza para um lazer), mas que, frente a um perfil numa rede social (e a tudo o que faz por lá) é tão relevante quanto, afinal, quando você não puder me tirar uma dúvida a seu respeito, o Google me tirará. Agindo com cautela, a netqueta se fará presente. E a sua amizade, garantida, ou “preservada”.

E por falar em mentira, você já leu este post das antigas aqui do blog ( ESPELHO, ESPELHO MEU...)?
Não é mentira, não, pode conferir! ;D

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