Você é meu amigo?
por Marcelo Moraes
Amigo.com
A idade adulta chega e percebemos que já não somos mais aqueles “serezinhos” que tinham como única preocupação justamente o fato de não ter preocupação alguma! Aí o nosso olhar frente à infância muda e, de repente, bum...você passa a ser chamado de “tio”! Você não é “o cara”, o “camarada”, você é o “tio”! E ponto. Mas criança é mesmo uma “caixa preta” (ainda mais surpreendente que uma caixa de surpresa): ela esconde o que revelará mais adiante. Ela brinca, ri, brinca de novo, ri de novo, brinca mais uma vez, ri mais uma vez... Só que chega uma hora que ela descobre que pode brincar com mais alguém, pois aprendeu que agora pode ter um “amiguinho” para brincar com ela (e por longos anos terá de ouvir esse “inho” e “inha” sonorizado pelos pais - haja!!!). E assim, cada um vai aderindo ao conceito de amigo “da sua maneira”, em suas vidas. Entretanto, você passa pela fase dos “porquês”, e tudo quer saber o porquê das coisas, e um dia descobri que nem todo mundo é amigo, mas que é, também, colega! Custou-me entender o que é isso, custou-me fazer os outros entenderem também. Mas eu entendi, os adultos não!
Será?
Quem nunca disse um “meu amigo”, na rua, pra uma criatura qualquer que você lhe pedia uma informação, que faça chover suco de uva integral aqui na minha casa, por favor! Não, não choveu: sabia! Pode ser que depois de um tempo, passamos a usar o modo automático para certos termos, ainda mais quando o sujeito já chega e te toca no ombro como se tivesse a maior das intimidades. E que mania esta de chamar todo mundo de amigo? Até os colegas? Opa, opa, opa... Levei um bom tempo pra processar esta diferença na minha infância, e agora não quero que ninguém me confunda novamente! Minha lista atualizada mostra que tenho mais colegas que amigos. E quem diz o contrário, só posso dizer “que bom pra você”, porque nos tempos atuais, isso não é normal! :D E a forma de se ter uma amizade e de se praticá-la mudou e muito nestas três dezenas da minha vida. Com a mesma frequência que os programas do computador passam por atualizações, a minha memória também. E toda vez que alguém que não falo há tempos, me chama no msn, mais uma atualização é computada. E um dos resultados virou um post também tempos atrás, e novamente este assunto volta a ser pauta por aqui. Só que agora, com a nova versão da memória, resgatei algumas observações a respeito deste tema.
Dizer que criança sabe o que diz, que é sincera e fala tudo com um brilho no olhar é passar batido, é tocar na mesma tecla, eu sei, porém, é com elas que tenho referência sobre este assunto. Sabe aqueles “estalos” que surgem em nossa mente e depois você diz “nossa, é mesmo!....”? Foi o que aconteceu comigo depois de presenciar uma cena muito comum com algumas crianças que se dirigiam a mim para brincar. Percebi que aquelas que queriam “oficializar” uma companhia para uma nova brincadeira, me perguntavam: “(Tio), Você é meu amigo?” Eu só tinha de lhe dar a resposta necessária, e então, o sim, ela ouvia. Ouvia e se contentava... Mas por pouco tempo. Durante a brincadeira, algumas repetiam (e repetem) a pergunta como uma forma de garantia ou de se certificar que era aquilo mesmo que ela ouvira. E sempre tinha a mesma resposta. E, como num instinto - sabe-se lá - elas concluiam tudo com um sorriso e/ ou um abraço. Se você já era um conhecido ou alguém que acabou de conhecer, tornava-se indiferente diante de tal constatação delas conosco. E aí, passei a ver que o nosso velho conceito de amigo já não era mais o mesmo... elas já pulavam estágios...não tinham colegas primeiro, tudo já passara para amigo (e com outro teor no significado: companhia)! E estariam elas erradas ou os pais que não lhe deram a devida orientação? Aparentemente, elas não estão erradas, pois vendo que passamos por momentos onde descobrimos que o grande amigo de anos, não é lá aquele amigo que se dizia ou que achávamos, até o título de colega acaba não merecendo mais. Tudo muda, a gente muda, as decisões também. Já estou revendo estes conceitos…
Será que criamos exigências demais para com os outros?
Aquela regrinha que tanto demorei pra me convencer de que colega é alguém conhecido onde não há um mesmo grau de intimidade que um amigo, foi-se embora para sempre? Eu ainda não consigo ver tudo como uma coisa só: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Mas já sei que daqui pra frente, terei que compreender esta nova “tendência” de amizade: as novas gerações já estão com este chip do “Você é meu amigo?” inseridas, então, quem vai querer mostrar o contrário pra elas? E sem fazer qualquer pesquisa virtual, minha coleção de Lps e Cds está cheia de músicas que falam de amizade, e mostra que, de alguma forma, não é um tema banal para nenhum gênero musical também! Em séries de TV, filmes, muitas das tramas acabam tendo algum vínculo de amizade, seja por um estranho ou conhecido. É tudo uma questão de observação para percebermos isso.
O contato com a internet, boa parte cultivada pela curiosidade, acaba sendo um novo aliado a esta mudança. Torna-se ainda mais confuso classificar a comunicação que temos com quem nunca conhecemos pessoalmente, nem ao menos tivemos a convivência em algum momento de nossas vidas (como ter histórias juntos para relembrar, por exemplo). Na internet passamos a ter “contatos”, e ainda não encontrei uma terminologia “global” para amizades virtuais, pois aqui, nem sempre nos comunicamos com o desconhecido com o intuito de uma amizade, pois se visitamos um site, blog ou fórum específicos, deixamos um endereço de e-mail ou msn para, por exemplo, tirarmos uma dúvida de alguém ou as nossas mesmo. E recentemente, “seguir” pessoas no twitter sem que ela tenha o mesmo compromisso de te “seguir”. E como a internet tem seus prós e contras, caimos em armadilhas também e achamos que algumas destas pessoas são amigas e por algum motivo, descobrimos que não são. E aí você pode tomar a decisão de simplesmente ignorar aquele endereço de email ou excluí-lo do msn (lista de “contatos”).
Mas quando você passa a administrar as duas vidas (real e virtual) como complemento uma da outra, com o tempo vai criando laços com pessoas aparentemente desconhecidas na rede, assim como acontece fora dela, porém, quando estamos on-line torna-se um espaço bem mais amplo para estes contatos. Mas a diferença é que, aqui, podemos nos aproximar de pessoas que já apresentam algumas afinidades conosco, e tem quem consiga ter muitos contatos ou quem consiga ter, pelo menos, algum contato. E esta aproximação com os “contatos” tem se mostrado para muita gente (para nós) que estes (agora) conhecidos já vêm com o kit amizade anexo em suas conversas, em suas relações. E chegamos naquele ponto de dizer “parece que a gente já se conhece há anos!”... Com alguns, temos a possibilidade dos encontros offline, enquanto que com outros (muitas vezes pela distância), mantemos esta amizade “proximamente distante” ou “distantemente próxima” on-line, mesmo:P
Entretanto, para não disperdiçar um aprendizado do passado, continuarei a aplicar o conceito de colega para o mundo offline, e aqui, o de amizade, ou o do “contato amigo”, porque aqui você pode usar o excluir ou o bloquear, e lá fora, não, além de termos, ainda, a infelicidade de conviver com estas pessoas bem próximas de nós (bem a contra gosto). É, são os novos tempos…
Hoje tenho mais “contatos amigos” que colegas, porém mais amigos que “contatos”.
Mas que diferença isso faz?
Em termos gerais, não muita, pois no fim, o que vale mais é a prática de um daqueles velhos ditados: “amigo que é amigo não te troca por um inimigo”…
E aí, vamos brincar? #chipdoamigo
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Existe realmente uma grande diferença entre amigo e colega e até conhecido...rsrsrs
ResponderExcluirMas, tem pessoas as quais converso todos os dias virtualmente, que são mais amigas que aquelas que conheço pessoalmente.
Bjs e ótimo fim de semana
Gostei demais....super criativo...viu.
ResponderExcluirAmei.
Amizade não tem preço.
Abraços
Hugo de Oliveira
Amizade,para abusar do lugar comum,é mesmo uma das melhores coisas da vida.E agora,além dos amigos de que vemos sempre,temos os da blogosfera,da twittersfera,etc.Fico feliz por ter conhecido tantas pessoas tão interessantes na web e fora dela.E viva a amizade!Belo post.Parabéns!
ResponderExcluirMarcelo,
ResponderExcluirTenho muitos colegas mas poucos amigos, é difícil explicar o por quê da diferenciação mas é diferente. Creio que o amigo a gente ama, enquanto com o colega apenas convive e tem afinidades. A pouco tempo tive a experiência de ser "tio-da-filha-do-amigo" e foi - e está sendo - muito bom, creio que são em momentos como estes que percebemos o quanto é bom ter um amigo, pois ouvir uma criança que não tem com você laços sanguíneos te chamar de tio é uma coisa ímpar. Quanto às amizades virtuais, tenho para mim que criei bons laços desde o último ano. Enfim, é sempre bom ter amigos por perto, mesmo que, como você disse, "proximamente distante".
Sou bastante seletiva com amizades e ao mesmo tempo sou amiga de todos. E entendo o modo de ser das crianças. Para elas não existe meio termo e ficar em cima do muro é coisa de gente que não sabe o que quer e as deixam inseguras. Se recebeu um aval para ser amigo de uma criança, ótimo! Se ela te considerar inimigo. babaú! Celito, você tá frito pro resto da vida! E aprendi com esse olhar a separar as minhas amizades. Sou amiga, até que me prove o contrário. Daí não esqueço! (rs*). Mas amigo-amigo mesmo!? Aqueles que você conta tudo? Hum, tão raro quanto uma alma gêmea. Beijus
ResponderExcluirMá, adorei esse e todos os outros posts que vc publicou, poderia se jornalista fácil fácil...nossa, será que um dia consigo ser assim tbm? rssss...
ResponderExcluirBem, amigo, amiga, amigos, amigas, esses serão sempre essenciais em nossas vidas, em qualquer tempo, idade ou situação...os colegas, tbm são necessários, mas a curto prazo...enfim, amizade, seja ela qual for, como for, são importantes para nosso desenvolvimento pessoal e intelectual...Friends forever!!!
Besitos.
Olá, Marcelo!
ResponderExcluirVim retribuir sua visita ao Gerenciando Blog e conhecer o seu trabalho. Gostei muito de seu blog! Você tem ótimos textos aqui.
Este, sobre a amizade, é muito bonito mesmo. Amigos são mesmo tesouros que devemos cuidar para a vida toda.
Um abraço e parabéns pelo seu trabalho!
@Kellen
ResponderExcluirRealmente, conhecido já é coisa de cadastro de rede social que agora dá opções de classificar cada "contato amigo". E concordo: muitos "contatos amigos" são mais amigos que os próximos de nós. Bj
@Hugo
Muito obrigado! Abraço.
@James
Realmente, a blogosfera tem contribuido muito para as boas amizades, de fato! No blog, tem um pouco de nós que as fotos num álbum de orkut não mostram. Abraço.
@Luciano
Sempre fico com um pé atrás de quem diz que só tem amigos ou mais amigos que colegas, afinal, somos muito diferentes e nem todos têm afinidades entre si. Por isso, com crianças ou é ou não é! Mais uma vez a rede mostra o quanto é importante para nós. Abraço.
@Luma
Tenho uma amizade alma gêmea que não vendo, não troco, não doo e não empresto! rss Motivo: coisa rara de se ver! rss Bj
@Pagulina
É só criar um blog que o vício te ajuda com o resto...rss Amigo é outro combustível em nossas vidas. Bj
@Adelson
Muito obrigado pela visita e seja bem-vindo! O tempo mostra o quanto os amigos são importantes em nossas vidas. Um abraço.
Olá Marcelo,
ResponderExcluiracho que depois desse post vou parar cruzar com as pessoas na rua e usar a seguinte frase (e derivações) "Ei amigo, por favor, que horas são?".
Sabe, o orkut não agrada mais como antes. Mas é somente ali que consigo manter contato com alguns antigos amigos que não acessam e-mail. Hoje me critério de avaliação para aceitar um amigo é: ou eu conheço a pessoa pessoalmente, ou em alguns casos mantenho contato com ela na blogosfera.
@Júnior
ResponderExcluirE como mudou o foco do orkut! Quem consegue esta façanha (ainda), de encontrar os amigos que deseja, tem mais é que aproveitar, pois de resto, quase não se tem mais o que nos acrescentar aquela rede. Abraço.
Ei Meu amigooooooooooooooooooo! hahahahaa
ResponderExcluiracho que tem niveis Marcelo. tipo a amizade tem graus bem definidos e tem gente que consegue chegar ao topo disso... bem, pelo menos eu penso. hehehe
Abração