Entre barbas e fofocas...
por Marcelo Moraes Tem duas coisas que só faço por pura obrigação da necessidade, pois acho deveras chatas: cortar cabelo e barbear-se. Decidi ir ao barbeiro para cortar os cabelos justamente no dia mais movimentado da semana: o sábado! Tudo bem, eu tinha me planejado (psicologicamente) para isso, e não me surpreendi ao ver uma fila pela frente. Sentado em uma poltrona, observei um pouco o bate-papo entre os “garotos” de cabelos brancos (na parte da manhã, geralmente levanta mais cedo os mais velhos, e eu, claro, tornei-me uma exceção a este fato). Pra variar, a conversa rolava com aquela chatice previsível de times de futebol, que ciclava como o vento vindo da rua. Minha tolerância zero a este assunto cutucou o meu tico e teco: Homem pode não ficar falando da vida do outro como as mulheres, mas em compensação, corrói-se de curiosidade ao querer saber o que o outro faz...ou vê! E eu só estava lendo a @Vejinha...
Tico e Teco: Cadê o teu MP3, criatura?
Eu: Esqueci que hoje não é dia da semana, que não tenho que esperar muito, aí não lembrei de pegá-lo.
Tico e Teco: Então escute pelo celular, ele toca música também, né?
Eu: Toca, mas não trouxe o fone de ouvido.
Tico e Teco: Saco, e agora, o que você vai fazer?
Eu: Boa pergunta...
Tico e Teco: Já sei! Ler revistas de fofoca, a gente se distrai facin, facin com elas...
Eu: Hello!!! Aqui não é salão de beleza, é barbearia...
Tico e Teco: Droga, só tem jornal de esportes espalhados, tá vendo?
Eu: Pois é...
Tico e Teco: Ah, tem algumas revistas lá no canto, olha!
Eu: Eu vi, mas é Veja São Paulo, só tem propaganda por lá...
Tico e Teco: Mas é melhor que nada, pega uma.
Não vou mentir que entre um papo e outro de futebol, surgia umas conversas engraçadas, porém, duravam míseros segundos. O jeito era continuar com a investida da Vejinha. Nunca curti ficar folheando aquela revista, mas para me safar daquele assunto abominável à minha pessoa, comecei a ler até as notas de rodapé e os anúncios de serviços que nunca contratarei na minha vida. Com a mente ocupada, ainda encontrei alguns endereços de restaurantes com fotos apetitosas e anotei no celular (pelo menos dei utilidade ao bloco de notas dele...rss). Alguns tiozinhos começaram a me olhar fazendo aquilo. Continuei na minha empreitada, folheando, digitando, folheando, digitando... A revista acabou e cheguei na última página. Imediatamente, o Tico e o Teco animaram-se, e como num couro, disseram-me: um texto! Finalmente! E comecei a lê-lo...
Com poucos segundos de leitura, não mais captava os sons ao meu redor, porém, o instigante texto que lia me fazia ficar ainda mais curioso: “Quem escreve isso?” Senti uma certa afinidade com aquela linguagem, mas esperei até o finalzinho do texto para saber quem era, pois só havia lido o título e não havia notado o DISCRETO nome do autor acima: WALCYR CARRASCO. Naquele presente momento, não sabia exatamente quem ele era, mas o nome era pra lá de familiar e disso eu não tinha dúvidas, mas eu curti muito a sua forma de escrever. O texto acabou, devolvi a revista e peguei outra: só tinha VSP, pra variar... Li tudo, devolvi e peguei outra. E aos poucos, fui pegando de duas em duas. Mas fazia tudo com certa rapidez, como quem diz: “não posso perder nadica de nada”. O papo dos tiozinhos prosseguia mas os seus olhares ao meu comportamento foram aumentando e eu me segurava para não rir daquela cena! Notei que um deles mexeu em uma delas, muito rapidamente, mas como não“achou” nada, a devolveu no mesmo lugar. Coisa muito rápida.
E para completar a ala de figurantes daquele episódio, um ser senta-se ao meu lado com fone de ouvido e celular: parecia um retardado com tiques em uma mão, de tanto que mexia aquele aparelho com a tecnologia Motion Gaming (controlada por gestos). Durante toda a minha leitura, ele não parou de mexer aquela mão. Pensei que estivesse treinando para empinar pipas. Ridículo. Agradeço por não ter escolhido um modelo de celular assim para mim! E o próprio ser, assim que eu terminei de ler todas as Vejinhas ao meu alcance e sentei na cadeira para ser atendido, disfarçou e abriu uma revista na última página para ver o que tanto eu lia e ria (discretamente). Com quase uma hora de espera naquele salão, além de constatar que a leitura é o melhor remédio diante de tanta tecnologia ou uma válvula de escape para assuntos entediantes, e por me conduzir a mais um escritor que eu desconhecia (como leitor), cheguei à seguinte conclusão:
Gostou? Não gostou? Então, digitaqueeuteleio!
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Oi, Marcelo!
ResponderExcluirTu sabes que, religiiosamente, 3as feiras e sábados são os dias em que levo o pai para fazer a barba...claro, não tem o mesmo movimento da "tua barbearia", mas me divirto muito com as fofocas locais - quem separou de quem? quem traiu quem? quem apanhou de quem? - "os meus velhinhos" são fofoqueiros, mas riem da vida, riem da desgraça alheia. Dias atrás, Paulo Santana, counista do jornal de maior circulação no RS, escreveu algo inteligente: depois dos 60 anos, a gente passa a rir da vida porque a morte é a presença mais constante e, se não dá para vencer o inimigo, pelo menos irrite-o. abçs e parabéns pelo post, sempre com uma tirada muito legal :)
Marcelo,
ResponderExcluirNão existe coisa pior que ter de fazer a barba (ou o que eu chamo de barba). E homem tem a mesma curiosidade que as mulheres têm, mas se "comportam" mais, fingem que nada acontece, mas por dentro...
Por essas e outras que corto o cabelo em casa, rsrs.
Abraços.
Pelo menos barba tinha que ser a tarefa de vcs né? Mulher já sofre demais com tpms, cólicas, gerar filhos rsrsrsrsrs adorei as conversas no barbeiro rs
ResponderExcluirOlá Marcelo,
ResponderExcluirBimestralmente passo por essa mesma aventura de salão cheio de clientes e nenhuma coisa interessante pra fazer no barbeiro. Se ainda houvesse uma "Vejinha" nova pra ler eu até ficaria feliz, mas a última vez que fui cortar o cabelo a "Vejinha" trazia a cobertura completa do PAN 2007.
Abraços,
Júnior
Olá Marcelo!
ResponderExcluirTudo bem? É muito bom quando estamos à espera de algo, em algum lugar e nossa atenção acaba voltada para um jornal ou uma revista, acho que não importa o nome ou o tipo de público de tal jornal ou revista, nem se é 100% confiável ou não, nessas ocasiões o que vale é encontrar algo que nos atraia, que nos faça conhecer algo novo, e que não nos permita ver o tempo passar, mesmo que só por curiosidade momentânea, essa leitura "despreocupada" é boa sim!
Tenha uma boa semana!
Beijo
Até...
Fiquei imginando vc no meio daqueles garotos de cabelos e barba brancos...rsrsrs...
ResponderExcluirBjssssssssss
Na barbearia que vou só tem o jornal e é muito disputado, o assunto é só sobre futebol mesmo.
ResponderExcluirProcuro ir em dias de pouco movimento.
BOA NOITE, ADOREI SEU BLOG, SUCESSO E MUITA PAZ..ABRAÇOS
ResponderExcluir@Elaine
ResponderExcluirPor isso que eu disse "pode não falar da vida do outro COMO as mulheres", pois eu sei muito bem a língua que tenho kkk
E é bem verdade esta citação do colunista que fez: na barbearia o clima estava muito bom, todos com um ótimo humor. Obrigado.
@Luciano
Eu ainda acho que é porque os homens se "seguram" mais, quando não tem muita proximidade com outro, coisa que não é problema pra mulher, que já vai interagindo com uma outra que mal sabe o nome.
@Julis
Menos mal ter que depilar uma área menos ingrata várias vezes na semana (ainda agradeço por não passar do rosto, para mim...rss).
@Júnior
kkkkkkk Isso acontece no consultório dentário. Mas aí, é só de fofoca mesmo kkk
@CrazyAngel
Nem me fale, foi a minha salvação! E eu nem cogitei em levar as minhas, pois o hábito de ficar pouco tempo para ser atendido, me fez esquecer disso, também.
@Kellen
Eu não tenho problema em conversar com pessoas mais velhas que eu, pelo contrário, me dou muito bem com elas. Porém, quando o assunto não agrada, esse povo NÃO PARA DE FALAR! Haja, depois kkkk Aí é tortura pra mim...rs
@Catarino
Dia de semana é sempre melhor, mas os horários não batem mais, então fica de sábado mesmo. Faz parte...rss
@Alexandre
Obrigado pela visita e seja bem-vindo! Aqui está sempre de portas abertas. Abraço.