segunda-feira, 31 de maio de 2010

Pessoas agem como controles remotos

por Marcelo Moraes click-i01

Eu não sou uma pessoa estourada, pode ser por minha personalidade, educação, não sei ao certo, mas não gosto do momento barraco em locais públicos e quando a minha santa paciência me ignora, utilizo a ironia e a acidez nas palavras para dar o meu recado. Não gosto das pessoas falando alto num coletivo para todo mundo ouvir. Além de desrespeito, vejo o quanto as pessoas estão ficando surdas por falarem tão alto num aparelho celular que fica praticamento grudado no seu pavilhão auditivo (vulgo orelha). Paciência, então, é o que me resta nestas horas. No ponto de ônibus, metrô e coletivos em geral, em horários críticos como o início da manhã ou o fim de noite, pessoas querendo puxar papo como se você estivesse a todo ouvidos para o que elas têm a falar. A minha vida já está cheia de coisas falando em meus ouvidos, ainda tenho que ouvir sobre a dos outros? Se é uma tiazinha, fala do tempo e das notícias do jornal, a priori; se é tiozinho, começa com os gols do “Fantástico”! Sorria, olhe pro relógio e simule outro sorriso: Paciência novamente. Mudo o assunto e falo do atraso dos ônibus! Ou do tempo novamente. Se isso tudo fosse um programa de TV, bastaria trocar de canal através de um: CONTROLE REMOTO...


Trocando de canal...

 
CONTROLECLICKOlha como tudo não se resolve: você tem o seu dia de trabalho, passa a semana bem ou mal, conclui os seus “pepinos” (ou tenta), e quando chega o final de semana, encontra uma forma de descansar ou relaxar: alguns saem de casa para passear, outros ficam e curtem o simples momento de ficar em casa. Numa mesma semana a programação não muda e me vejo numa longa super série da Vida Real: no coletivo, no parque e no shopping, pessoas ditas amigas conversam entre si, falam um pouco uma da outra e, de repente, uma toca que foi no lugar “x” com alguém e a outra logo dispara: “Seu vi..., nem me chamou, né?” “Sua v...ca, ela você chama, né, e a mim...? Obrigado, não, tudo bem... pode deixar...” “Puxa, nem pra me chamar, né?” “E por que não me avisou?” A cena ecoa nos ouvidos próximos, incluindo os meus.


Passando para outro canal...


Você espera os momentos de lazer para curti-los tranquilamente: comendo num restaurante, assistindo um show ou um filme no cinema, fazendo alguma compra no shopping ou visitando alguém. Quer mudar o foco que o trabalho pede, mas quando acha que está relaxado de cobranças, chegam outras: “Ow, e aí você tem uns amigos gatinhos?” “E as tuas amigas, como são? Vai nos apresentar quando?”

Cena do filme CLICK Por aí, você descobre que não assinou TV a cabo e nem está num canal aberto, mas parece que você faz parte de uma programação onde as pessoas te incluem nas cenas como um diretor dirigindo uma trama. Elas não te pedem licença, não se preocupam com o que está passando ou sentindo, se está a fim de tocar nestes assuntos, simplesmente vêem em você um alvo para resolverem os próprios “problemas” ou te usarem para uma “auto-ajuda”. Acho uma falta de respeito este modo invasivo das pessoas, principalmente dos amigos que por estarem mais próximos de nós, sentem-se no direito de controlarem nossas vidas. Estes dois exemplos são os mais comuns na vida da gente, e por mais que coloquemos nossos desgostos com isso a eles, os mesmos se fazem de “#comoassimbial” e caem no vício de continuarem metendo o bedelho na vida alheia. Isso sim que é invasão de privacidade, e não a exposição nas redes sociais como muitos dizem. Ao meu ver, estas redes nos dão mais privacidade que o cotidiano nos dá, afinal, pela rede escolhemos ou encontramos pessoas que compartilham de gostos e diferenças semelhantes aos nossos e acabam nos conhecendo ou nos compreendendo muitas vezes melhor que os que não estão. Como disse, não gosto de barracos, mas reservo-me no direito de não aceitar certas “imposições” de amigos, afinal, se a pessoa se sente “rejeitada” por saber que você saiu com outro amigo ou outra amiga (ou outro grupo, oras), ou “necessitada” que lhe apresente a alguém (ou de te apresentar alguém sem que você tenha pedido), diria que quem não tem controle da própria vida não seria eu, e quem aparenta ser a pessoa mal amada nesta história, idem! E esta cobrança gera como uma obrigação onde você tem que falar de cada passo que dá quando não está com as mesmas companhias, e elas sempre dão um jeito de querer saber com quem saiu ou para onde foi. Pera aí, e o respeito, onde ficou?  E o direito de ir e vir de cada um?

Cena do filme "ZOANDO NA TV" É muito fácil aos outros nos darem palpites, mas ouvirem os nossos (quando nos pedem), parece que cometemos um crime passional, tamanha enfermidade que isso causa dentro deles. Na família também temos os parentes amigos, mas temos os parentes serpentes, assim como no ciclo de amigos, onde temos os que estão sempre próximos, os esporádicos e os bem distantes. Cada um julga o seu modo amigo de ser, mas antes de qualquer novo palpite, a vida ainda carece de um bom senso em estabelecer limites de proximidades. Sufocar uma companhia é o mesmo que querer o seu fim. Assim penso e assim me reservo no direito de não aceitar estas atitudes. Esta falta de limites observo muito em locais públicos onde um “amigo” pega o aparelho portátil do outro e começa a mexer como se fosse o dele. Pega porque para ele, tudo o que é do amigo, é dele também; Passar senhas ou cadastros pessoais ao amigo (ou seria miguxo?) também, afinal, tudo o que é do amigo, é dele também! Faça o mesmo com o namorado ou a namorada para ver? Tá na hora de dizer: As máscaras vão cair... Tudo o que você vestiu agora você vai despir...”

Resolvi zapear com o controle e parei num documentário...


Usando o controle remotoUm assunto que soa tão falso quanto dizer que “dinheiro é bom e não traz felicidade (porque, para mim, traz sim)”, é dizer: “A Minha vida é um livro aberto!” Só se for para secá-lo de uma enchente, meu querido, minha querida. A água evapora mas o sal fica (e o azedo também). Nem tudo se dissolve em água, as palavras e as atitudes ficam, o pensamento é que não...A lei do silêncio é muito boa e te conduz ao bom senso. Respeitar o espaço de cada um é respeitar a si mesmo, antes de tudo. E isso nos remete a outro provérbio: “Não faça ao outro o que não gostaria que ele fizesse contigo”. Procure se sufocar primeiro antes de sufocar alguém, pois como você mesmo disse: “se tudo o que é do amigo é teu”, a dor também será. Sinta-a primeiro, então. Simples assim.

Hora do intervalo...

BONECOCLAQUETE

Um lembrete importante surge numa tela azul:

“Quem continuará pagando as minhas contas, serei eu, portanto:


Permito-me escolher e montar o meu próprio programa. Se alguém quiser também, grave-o, mas não acrescente novos parágrafos e nem edite as minhas imagens! Se optar por um cinema mudo ou usar a tecla SAP, a opção é tua, se o que procuras é o item EXTRAS, estejas certo(a) de que não encontrarás!”

A tua identidade está em você e não nos outros!

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9 comentários:

  1. Olha eu também tenho tremenda aversão de pessoas que falam alto demais, ou riem alto demais, ou que estão "felizes demais". Respeitar os limite do proximo.

    Aproveitando o gancho de click, devo confessar que quando assisti a esse filme ele caiu como uma luva para eu repensar muito do meu dia a dia e valeu mesmo.

    Abçs

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  2. Uauuuuu que texto meu caro! hahahahahahaha! muito bom hein?
    -Essa invasão ultrapassou os limites, dentro de onibus por exemplo...aqueles malditos celulares de funkeiros tocando o pancadão na cabeça e ouvidos da gente. Vai pedir pra desligar ou por fone? ta bom pedi?!
    E adorei a analogia da privacidade nas redes sociais e na vida ao vivo... o BBB é aqui fora nénão? #toerradobial?
    Abração miguxito hahahahahahahahaha!

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  3. Falar alto também não é comigo, acho pura falta de respeito, sem falar de educação. As pessoas estão cada vez mais "sem noção", sem saber respeitar o espaço e a vida alheia. Cabe a cada um - e tenho feito isso energicamente, mesmo angariando por aí fama de chato e coisa e tal - estabelecer seus limites custe o que custar.

    Se o dinheiro trás felicidade? É claro que sim!

    Excelente texto. Abração.

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  4. Parabéns pelo post. Tema que sem dúvida nos cerca.
    Muitos querem saber da vida alheia e muitos querem que suas vidas sejam estampadas em "outdoors". Que bom se tivéssemos um controle remoto...
    bjssssssssss

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  5. Meu amigo Marcelo,

    Gostei da analogia entre a TV e os relacionamentos humanos.

    Eu creio que as pessoas confundem amizade com invasão de privacidade. E é justamente por isso que chegam a cobrar explicações quando um amigo sai com outro e não com elas.

    Não gosto de bater papo com desconhecidos. Taxista? Passamos todo o percurso mudos.

    Existem também aqueles parentes que só servem como pedra no nosso sapato. Já desliguei quase todos da minha vida (os indesejados, óbvio).

    Abraços e ótima quarta-feira.

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  6. Também acho tudo isso lamemtável.As pessoas aos poucos vão perdendo a mais básica 'noção das coisas'.Um controle remoto seria mesmo fantástico rs.
    Abração.

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  7. Ah, Marcelo, sabe aqueles textos que a gente lê e pensa: " Gostaria de ter escrito isso!" Pois é ! :-) Gênero , número e grau.

    bjs

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  8. Bom dia Marcelo,

    Também não gosto de "estrangeiros" com o péssimo hábito de falar alto para mostrar que é de fora, tipo "olha eu estou aqui e portanto vem me lamber...", os amaericanos fazem muito isso!

    Quanto à invasão em nossas vidas é mais uma falta de respeito, infelizmente, alguns ensinam seu filho apenas pedir por favor e obrigada, isso quando muito, mas não ensinam desde cedo, respeitar o espaço e o tempo do outro e de como isso é importante para vivermos em grupo...

    Fiz um post recente sobre a falta de respeito, especificamente entre as nós mulheres, justamente porque sinto-me invadida todos os dias quando saio com minhas filhas...

    Beijos e obrigada pela visita, seja bem vindo!

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  9. Finalmente encontrei alguém, que como eu também utiliza a ironia e acidez para dar o recado, quando enchem o saco.
    Sensacional o post!
    Ah, e obrigado pela visita. Volte sempre!
    Um abração.

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