Dia dos Namorados: A Paixão estava escrita

por Marcelo Moraes

Blogagem Coletiva no Blog Fio de Ariadne 

Foi uma questão de tempo para que ele percebesse o quanto estava mudado. Seus gestos, suas palavras, todos ao redor notavam mudanças. Ele descobrira a paixão. Já ela, nunca demonstrou nada a ninguém, pois seus gestos eram de uma pessoa seca, fria, mas bastou um certo dia abrir a sua agenda e se deparar com um papel dobrado, que tudo mudou...

Dizia a carta:

“Se eu pudesse ser um sentimento, gostaria de ser o AMOR. Todos dizem que ele fere, mas que também cura! Cura a espera, cura a descrença, cura a auto-estima quando baixa. Mas não é fácil ser o AMOR, temos que passar por uma maratona de outros tantos sentimentos para nos deixar ainda mais aptos a senti-lo, demonstrá-lo. Por isso estou aqui, tentando passar por mais esta prova, testando antes o sentimento chamado PAIXÃO. O que posso te dizer até o momento é que ele é muito bom. Chega como uma flecha ou um vírus solto no ar que você inala quando alguém que você olha lhe reflete um ar diferente, mas um diferente que é gostoso. E este ar que estou sentindo, veio de alguém que não sei ainda o nome, mas que sei quem é: VOCÊ!
Não sei se a paixão também se desperta nas palavras, mas se estou passando por uma prova de AMOR, quero tentar de tudo, para saber se ela tem limites ou se rompe todas aquelas barreiras: as do medo, da dúvida e a do frio na barriga que sinto toda vez que penso em VOCÊ.
Se o AMOR é mesmo lindo, tenho que admitir: a paixão também é!”

 

O vírus saltou das palavras e a contagiou num simples suspirar... trouxe lágrimas, muitas lágrimas... Ela sentia-se tão só que mal entendia a solidão ao certo, o que dizer de um admirador secreto? Passados alguns minutos, as lágrimas secaram, a releitura da carta veio com mais cautela: palavra por palavra era lida e degustada... e naquele instante, a nova mutação do vírus saltou daquelas palavras e a contagiou num outro simples suspirar...e trouxe, então, a tremedeira, o calor e a sensação de que não estava mais só e que praticamente acabara de perder aquele incansável e intruso sentimento: a solidão...

E o tempo passou... foram dias dela tentando encontrar seu admirador e dele tentando descobrir o nome dela. De repente, um barulho súbito e alto deixa ele tremendo e assustado. Acabara de acordar, era o despertador tocando. O sonho acabou. Ele não soube o nome dela e ela não soube quem ele era...Ou é! Pois no sonho ele a despertou, lhe trouxe uma esperança, e ele, bem... Ao que me parece, continua assim... Apaixonado...

O autor não prosseguiu com a sua história, mas o fez perceber que também é possível despertar a paixão - por quem quer que seja - pelas palavras escritas. Elas mostram um poder infinito, retumbante, como o de alguém prestes a dizer algo em alto e bom tom e lhe provocar aquele singular “calafrio”.

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